FoMo de quê?

Você já ouviu falar na expressão“FoMo”?

 

Este termo foi criado no ano 2000 pelo estrategista de marketing Dan Herman e significa “Fear of Missing Out”, que pode ser traduzido para o português como “medo de estar perdendo algo”.

Atire a primeira pedra quem nunca sentiu aflição, ansiedade e até angústia ao abrir as redes sociais e ver muitos dos seus amigos em um evento que você sequer ficou sabendo, ou então as pessoas usando uma frase ou um bordão que você não sabe a origem, e pior: todo mundo a sua volta, aderindo a uma moda que você não conhecia…

 

Sim, a indústria que mais se aproveita desse “pavor de ficar por fora” é a Moda, porque ela precisa disso para continuar bem e viva, porém cabe a nós decidirmos que se nós ficaremos bem e vivos com algo que constantemente nos incute esse medo de ficar para trás.

Ser aceito, admirado e amado são necessidades humanas, só que quando isso está agregado ao ter, torna-se uma patologia que ganhou proporções gigantescas com as redes sociais.

Quem nunca acompanhou alguma blogueira e afins que é a menina do momento porque ela TEM todas as bolsas e roupas mais desejadas do momento?

 

Aí entendi um dos mecanismos que faz com que o sucesso desses fenômenos seja estrondoso: FoMo!

 

Acompanhamos a menina que está por dentro de tudo para que possamos ter a ilusão de não estarmos por fora de nada!

 

Que sacada, entupir essa menina de coisas para vender e gerar nas pessoas esse desejo de ter mais e mais, consumir e se sentir inserido na dança!

 

Sinto muito, mas a dança é curta, em menos de 3 dias a menina aparece com outro apetrecho, nos mostrando que continuamos por fora. A conta não fecha nunca!

E para piorar, ela não apenas mostra o apetrecho que ainda não temos, como também mostra uma vida em que toca música o dia inteiro, com drinks coloridos num céu de um azul nunca visto antes no planeta Terra!

 

Claro que já sabemos que é um palco montado, mas da mesma forma que choramos em Titanic  sabendo que o naufrágio aconteceu em um tanque de 236 metros de comprimento, nos influenciamos por fotos bem editadas. O nosso cérebro involuntariamente absorve e reage com emoções e fantasias diante de toda e qualquer imagem o qual é exposto, mesmo que no próximo momento venha qualquer dado de realidade, a fantasia já foi criada, e é essa a grande sacada do Instagram.

 

Fantasias podem ser um combustível motivacional maravilhoso, mas a partir do momento que elas estão abalando a sua auto-estima, a sua paz de espírito e a sua conta bancária, é hora de avaliar o que você está permitindo que entre na sua vida por esse medo de perder algo.

Quebre já esse ciclo vicioso da insatisfação.

 

Deixar de seguir pessoas que todos os dias te lembram o que lhe falta não o deixará por fora da moda.

 

Moda é se amar, se respeitar e acima de tudo, agradecer !

Vendem-se minutos de amor-próprio – saiba qual é a verdade sobre a shopping-terapia

Semana passada, lancei uma mini-enquete no meu stories do Instagram perguntando se as pessoas achavam os vendedores que atuavam no varejo de moda eram realmente sinceros. Resultado: 73% das respostas foram NÃO, que sinceridade é um fator duvidoso. Fiquei muito preocupada. Tudo bem,  era amostragem diminuta. Na sequência, uma enxurrada de mensagens inbox com argumentos, teorias, justificativas e até perguntas pessoais: “Marcia, alguma vez eu não fui sincera com você? Por favor me avise!”.

Atormentada de questionamentos, na mesma semana almocei em um Shopping localizado em uma área nobre de São Paulo. Entrei em três lojas, montei looks completamente improváveis e saía do provador para perguntar a opinião dos vendedores. Para minha surpresa, dois deles me elogiaram copiosamente: “super descolada”,”muito chic”, “você vai arrasar”, ‘linda”…E a roupa estava muito assustadora.

Na terceira e última loja em que estive, exagerei no absurdo e finalmente a vendedora falou que não estava bom. Ufa!…Mas não existia nenhuma possibilidade de ela tentar me elogiar por aquilo: um top de bikini de lantejoulas prateadas, um colete de pelúcia marrom e um shorts tipo fralda listrado!!

Existem vendedores sinceros sim, mas senti que a grande maioria, aprisionada no sistema de metas, acabam pensando a curto prazo e querem fazer aquela venda, independente se o cliente não voltar nunca mais.

Por outro lado, existem os superstars, aqueles que fidelizam o cliente, que aprendem o gosto pessoal de cada um e acertam boas vendas.

Sorte das marcas que tem essas estrelas raras no time, mas estou aqui para falar do nosso lado, as clientes.

Um quadro muito comum, que pode nos acometer uma vez na vida (raro), ou durante algum período de dificuldade pessoal, ou então várias vezes na semana (muito mais comum do que se imagina), é a sensação de vazio que facilmente pode ser abrandada de maneira fictícia com um passeio em lojas, a famosa shopping-terapia.

Precisamos desesperadamente nos sentir recompensadas, precisamos ser agradadas de alguma forma. Nessa hora, entra um tipo de vendedor não listado acima, ele percebe a sua carência, ele vê em você, a oportunidade de faturar em cima da sua dor e entra num estranho papel de “super amigo”, e ali iniciarão as intervenções mais estranhas que podem existir em tentativas  para  temporariamente elevar a sua auto-estima.

Quem nunca esteve triste e entrou em uma loja para distrair e saiu de lá com uma roupa para um casamento ou uma festa que ainda não existem? Eu já.

Gente, auto-estima é uma assunto muito complexo para ser resolvido com uma taça de champanhe e uma selfie no provador com um vestido de uma cor que você não gostava, mas é “a cor do momento”!

Absolutamente normal de vez em quando vivermos situações que minam nosso amor-próprio, mas fique atenta se isso está acontecendo com muita freqüência.

 

Elaborei oito perguntas que podem ser úteis para que faça uma auto-avaliação:

 

1- Mais de 40% dos seus gastos mensais são com roupas, calçados e acessórios?

2 – Você tem o hábilto de ir passear no shopping para “espairecer”?

3 – Você recebe diariamente muitos Whatsapp de vendedores te chamando para cafezinho, visitas para ver as novidades?

4 – Você sai para comprar algo e volta para casa com peças completamente diferentes do que havia planejado comprar?

5 – Você esconde as sacolas de compras dos seus familiares?

6 – Você está endividada?

7 – Você tem muitas peças ainda com etiquetas no guarda-roupa ?

8 – Você tem peças em casa ou no carro que ainda estão na sacola da loja?

 

Se você respondeu “SIM”a duas ou mais destas perguntas, você precisa repensar seus hábiltos e sim, precisa de ajuda. Algo aparentemente inofensivo, com cara de um ato prazeroso, pode ter consequências terríveis no seu orçamento, nas seus relações e na sua vida!

Sem perceber, você é pega contando mentiras para as pessoas e para você mesma! Pare! Aquela “it-bolsa” só te dá a ilusão de que você se sentirá mais amada, respeitada e com seus problemas resolvidos. A não ser que você queira ser amada apenas pelo o que tem.

A minha proposta hoje para você é fazer uma experiência: naquele momento que você tiver vontade de receber doses de amor-próprio mascarado de venda, vá tomar um café e conversar com alguém que é especial para você: recordem histórias, deêm muita risada e se abracem.

Você já tem cinco sapatos pretos, o sexto não te preencherá tanto quanto minutos com alguém que te valoriza pelo o que você é de verdade.

Seja forte para sair desse ciclo-vicioso de vazio-compras-vazio-compras-vazio para entender o que realmente precisa.

Aí…quando aquela vendedora que te empurrava milhares de reais em coisas que ainda você não usou te mandar mensagem dizendo que você sumiu, convide-a para um café longe da loja, e iremos descobrir o tamanho daquela amizade toda.